Vi recentemente um programa televisivo que mostrava homens de calças justas, casacos com costuras douradas e prateadas, a usarem rabos-de-cavalo e barretinhos. Não era um programa sobre metrossexuais. Era mesmo uma tourada!
Penso que já todos nós conhecemos os argumentos que provam que as touradas são tudo menos desporto, portanto não vou continuar a gastar o meu latim com grandes conversas. Admira-me apenas que digam que aquele é um desporto para homens másculos, tendo em conta a descrição que fiz no parágrafo anterior.
Dizem os defensores das touradas que a tourada é uma tradição nacional que deve ser preservada e que o touro foi feito para estar na arena. E digo eu: ponham o touro na arena, saudável (com os cornos inteiros e sem vaselina nos olhos), ao lado de um toureiro também saudável, e ambos desarmados. Isso sim, seria um desporto justo! Homem que é homem não se devia esconder atrás de uma bandarilha, nem devia precisar de ter os amigos a segurarem o rabo do touro...
Ainda digo mais: se a questão é manter as tradições, que tal irmos buscar um grupinho de católicos a Fátima e juntá-los na arena com leões ou tigres? Também era tradição. E ainda há poucos séculos as pessoas casavam-se com menos de 14 anos. Na época era tradição, agora é abuso sexual de menores! É à conta desta fantochada das tradições que o relatório da Amnistia Internacional mostra que, em 2006, morreram em Portugal mais de 39 mulheres devido a violência doméstica. É que bater na gaja também é tradição!
Pessoalmente, acho que as tradições têm cura. Querem touradas, deixem-nas para os políticos.