Às vezes dou por mim a pensar. É raro, mas de tempos a tempos acontece e, geralmente, depois tenho um esgotamento. Mas isso passa...
Desta vez, lembrei-me de questionar "O que poderei fazer para sobreviver quando deixar de contar com a ajuda dos meus pais, tendo em conta que no meu trabalho actual ganho menos do que se estivesse a receber o subsídio de desemprego?".
Mendigar nos comboios não me parece uma boa opção e, noutro dia, explicarei os meus motivos. Arrumar carros também não é lá grande ideia porque os outros moedinhas davam cabo de mim em 3 tempos.
Roubar está fora de questão. Não por honestidade ou vergonha, mas mesmo por falta de jeito. Já burlar podia ser uma alternativa. Os velhinhos facilmente se deixariam levar pelo meu ar encantador. Mas isto só resultava se eu não estivesse já sem abrigo, mal cheirosa e escanzelada.
Casar com um milionário parece uma opção agradável mas irrealista. E esperar que me saia o euromilhões implica ficar sentada muito tempo, o que iria tornar-se maçador. Sem contar que é preciso ter dinheiro para fazer as apostas.
Outra hipótese seria ir presa. De facto, há tecto, cama, comida e roupa lavada. Mas a ideia de partilhar uma cela com umas quantas matulonas não me parece lá muito interessante. Sem contar que duvido que a vida nas prisões seja tão porreira como a TV mostra quando lá vão equipas desportivas ou pessoal da moda e do teatro. Além do que, ter de gramar com a Ana Malhoa uma vez por ano no Natal das Prisões parece-me uma clara violação de qualquer direito fundamental.
Deixo então a pergunta: qual é a melhor forma de garantir a sobrevivência de desempregados, trabalhadores precários, trabalhadores supranumerários e trabalhadores a quem congelaram os aumentos e progressões na carreira? No fundo, como garantir a sobrevivência de todos nós, mais tarde ou mais cedo? Aceitam-se sugestões.