Talvez a ministra da educação achasse que ao lixar os professores estava a agradar aos alunos. O que aconteceu ontem em Fafe é a prova de que tinha razão: os alunos, entusiasmados e felizes com a política educativa da ministra acharam que deviam atirar-lhe ovos. Aqui estão os links das imagens:
http://www.youtube.com/watch?v=PocuH_fLzD8
http://www.youtube.com/watch?v=yphfHVh4XxI
É um gesto nobre se pensarmos que em época de crise a comida fica cara e, coitadinha da ministra, podia estar a passar dificuldades. Eu, pessoalmente, acho que para a próxima deviam atirar-lhe bumerangues porque, ao menos, como voltam para trás, podem ser atirados de novo e não se desperdiça comida.
Entretanto, não deixem que vos atirem areia para os olhos. A notícia de que os resultados da actual avaliação de professores só teriam efeitos nos concursos daqui a 4 anos não é nova. Já estava prevista há muito tempo mas está a ser anunciada agora como se fosse uma cedência governamental. Não se deixem enganar!
Ah, e só para acabar: o modo de falar dos miúdos dos vídeos acima, é a prova cabal de que o sistema de ensino é facilitista. De qualquer modo, ao menos eles sabem que a culpa da sua ignorância linguística não é só deles e dos professores. É também (e principalmente) da ministra.
Ontem tive a oportunidade de ver a manifestação de professores de perto e devo dizer que só de ver tanta gente junta, com um mesmo objectivo, fiquei intimidada e algo satisfeita.
Fiquei ainda mais satisfeita quando cheguei a casa e vi as declarações da ministra da (des)educação. A ministra não se sentiu intimidada. Óptimo! Se algum dia precisarmos de mandar alguém para um cenário de guerra, temos ali uma excelente opção. Pelos vistos, nada consegue abalar a determinação daquela mulher. Podemos começar por mandá-la àquelas escolas boas onde devia haver detectores de metais à entrada.
Melhor ainda: a ministra não prima pela inteligência (o que, aliás, já era de calcular tendo em conta as suas políticas educativas). Senão como é que se pode explicar que ela tenha afirmado abertamente que a única coisa que a assustava eram as greves de professores em épocas de exames nacionais? Isto é profundamente estúpido! É quase o mesmo que o super-homem sobrevoar Metropolis gritando aos quatro ventos "Eu perco os meus poderes na presença de Kryptonite".
Professores, sejam um exemplo de inteligência e não percam mais o vosso tempo em manifestações e greves ao longo do ano. Concentrem tudo na época dos exames nacionais! É verdade que é lixado para os estudantes, mas o sistema de ensino já é tão facilitista para eles que é bom que se deparem com algumas contrariedades uma vez ou outra, mais que não seja para se familiarizarem com o mercado de trabalho.
Acabo de ligar a televisão e está a dar na RTP o "Sabe mais que um miúdo de 10 anos". Ao que parece o Jorge Gabriel estava a perguntar aos miúdos o que achavam que devia ser diferente na escola e uma das miúdas diz que acha que os professores deviam mandar para a rua os alunos que se portam mal porque perturbam os restantes.
Provavelmente, a catraia não saberá que se os professores não fazem isso mais vezes, não é por amor aos putos irritantes da turma, mas sim porque sabem as repercussões que esse acto poderia ter na sua vida profissional.
Ainda assim, a mocita sabe mais que a ministra da educação porque reconhece aquele que deveria ser um direito dos professores e dos alunos bem comportados e interessados em aprender.
Talvez a ministra da educação devesse assumir que não sabe mais que um miúdo de 10 anos.
Ao que parece, o Ministério da Educação colocou 140 professores sem formação a trabalhar com alunos com deficiências. Começa-me a parecer que estes 140 professores, provavelmente de diversas partes do país, vão ter de se deslocar todos para Lisboa, já que a maior parte do seu trabalho vai ser feito na Assembleia da República.
Quer-me parecer que a lógica do Ministério da Educação é "Se os alunos já são deficientes, isso mal não lhes vai fazer, pior do que estão não ficam". Enganam-se! De facto são deficientes, mas não são estúpidos. Pelo contrário, são espertos o suficiente para saberem que não é por serem deficientes, mas sim por não serem estúpidos, que nunca chegarão a ministros.
O novo estatuto do aluno está a causar polémica, principalmente porque parece incentivar o absentismo. Embora também tenha bastantes reservas em relação a este novo estatuto, permitam-me fazer o papel de advogada do diabo (a ministra Maria de Lurdes Rodrigues) e chamar a atenção para os seus aspectos positivos:
1 - Os professores não são obrigados a aturarem os alunos que, estarem na aula ou não, dá exactamente no mesmo.
2 - Os colegas desses alunos também não são obrigados a aturá-los.
3 - Numa turma porreira, um professor pode chegar a dar aulas a 2 gatos pingados ou às mesas da sala que, provavelmente, passarão a estar muito mais limpas e estarão muito mais atentas.
4 - Os pais dos jovens vão poder passar muito mais tempo com eles, durante o horário lectivo; mas isto, só se os conseguirem apanhar, o que vai obrigar os pais a fazerem exercício, promovendo a sua saúde.
5 - Os supermercados, bombas de gasolina e outras áreas comerciais vão ter de desenvolver novos sistemas de segurança e dar emprego a mais seguranças, para garantirem que os produtos vão continuar a ser vendidos e não apenas "levados sem o conhecimento dos proprietários".
6 - Os exames que os jovens fazem no final do ano (marcado pelo absentismo) vão ser tão fáceis que toda a gente vai passar e, a nível europeu, as nossas estatísticas de sucesso escolar vão ser as melhores.
Aqui fica uma história pessoal: quando eu andava na escola primária, ouvia os professores dizerem que iam passar o aluno X ou Y apenas porque não tinham paciência nem saúde para continuarem a aturá-lo; no 12.º ano, tive uma colega que, em todos os testes de Matemática que fizémos, tinha notas que variavam entre o 2 e o 6 e, no final do ano, a professora deu-lhe 9,5 porque achou que ela "merecia uma oportunidade". Além disso, costumo ver os exames de acesso ao ensino superior e estão cada ano mais fáceis.
Como podem ver, o facilitismo sempre existiu, simplesmente agora está regulamentado. Não quero pôr-me para aqui com conversas do tipo "no meu tempo é que era bom", mas a verdade é que vejo os alunos serem cada dia mais estúpidos, aos mais diversos níveis. Isto acontece porque os pais acham que a escola é que deve educar, quando à escola só cabe ensinar e, infelizmente, nem ensinar a escola consegue.
Depois fazem-se caças às bruxas para ver de quem é a culpa quando as merdas acontecem. Eu acho que devíamos deixar as bruxas sossegadinhas, que elas não fazem mal a ninguém e começar a caçar estúpidos. Eles também andam aí... e a maior parte está na assembleia.
Quando ouvi a notícia de que um professor de Filosofia a quem foram removidas as cordas vocais devido a um cancro teria, por decisão de uma Junta Médica, de voltar a dar aulas, pensei "Será isto uma apresentação à nova série da 5.ª Dimensão?".
Não falo da professora com leucemia porque acho que uma pessoa com esta doença não tem, necessariamente, de estar incapacitada e dar aulas pode até tornar-se um escape. Mas faz-me alguma confusão a ideia de ter aulas de Filosofia com um professor que não pode falar.
Será um incentivo das Juntas Médicas ao jogo Pictionary? Ou será que era suposto o dito professor passar as aulas a jogar ao enforcado com os alunos? Será esta a nova estratégia do Ministério da Educação para acabar com o insucesso escolar? Ou estariam antes a fazer formação profissional ao professor de modo a reclassificarem-no como mimo?
Oh dilema! Tantas questões e tão poucas respostas...
. Areia para os olhos, ovos...
. Professores em processo d...
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. Não tens voz, faz bonecos...