O novo estatuto do aluno está a causar polémica, principalmente porque parece incentivar o absentismo. Embora também tenha bastantes reservas em relação a este novo estatuto, permitam-me fazer o papel de advogada do diabo (a ministra Maria de Lurdes Rodrigues) e chamar a atenção para os seus aspectos positivos:
1 - Os professores não são obrigados a aturarem os alunos que, estarem na aula ou não, dá exactamente no mesmo.
2 - Os colegas desses alunos também não são obrigados a aturá-los.
3 - Numa turma porreira, um professor pode chegar a dar aulas a 2 gatos pingados ou às mesas da sala que, provavelmente, passarão a estar muito mais limpas e estarão muito mais atentas.
4 - Os pais dos jovens vão poder passar muito mais tempo com eles, durante o horário lectivo; mas isto, só se os conseguirem apanhar, o que vai obrigar os pais a fazerem exercício, promovendo a sua saúde.
5 - Os supermercados, bombas de gasolina e outras áreas comerciais vão ter de desenvolver novos sistemas de segurança e dar emprego a mais seguranças, para garantirem que os produtos vão continuar a ser vendidos e não apenas "levados sem o conhecimento dos proprietários".
6 - Os exames que os jovens fazem no final do ano (marcado pelo absentismo) vão ser tão fáceis que toda a gente vai passar e, a nível europeu, as nossas estatísticas de sucesso escolar vão ser as melhores.
Aqui fica uma história pessoal: quando eu andava na escola primária, ouvia os professores dizerem que iam passar o aluno X ou Y apenas porque não tinham paciência nem saúde para continuarem a aturá-lo; no 12.º ano, tive uma colega que, em todos os testes de Matemática que fizémos, tinha notas que variavam entre o 2 e o 6 e, no final do ano, a professora deu-lhe 9,5 porque achou que ela "merecia uma oportunidade". Além disso, costumo ver os exames de acesso ao ensino superior e estão cada ano mais fáceis.
Como podem ver, o facilitismo sempre existiu, simplesmente agora está regulamentado. Não quero pôr-me para aqui com conversas do tipo "no meu tempo é que era bom", mas a verdade é que vejo os alunos serem cada dia mais estúpidos, aos mais diversos níveis. Isto acontece porque os pais acham que a escola é que deve educar, quando à escola só cabe ensinar e, infelizmente, nem ensinar a escola consegue.
Depois fazem-se caças às bruxas para ver de quem é a culpa quando as merdas acontecem. Eu acho que devíamos deixar as bruxas sossegadinhas, que elas não fazem mal a ninguém e começar a caçar estúpidos. Eles também andam aí... e a maior parte está na assembleia.
No dia 14 de Julho de 2004, uma criança de 2 anos e 9 meses e os seus pais foram a uma loja de electrodomésticos para "comprar uma máquina de lavar e enquanto estavam a conversar o menor foi para cima de uma cisterna num pátio atrás do estabelecimento, pode ler-se na Acusação. Uma vez aí, a criança pegou numa garrafa de plástico transparente de litro e meio e que tinha um papel branco desenhado à mão com uma caveira e dois ossos e bebeu parte do respectivo conteúdo que se apurou ser um produto altamente tóxico, hidrocarboneto aromático metilbenzeno (tolueno), cuja ingestão veio a ser causa directa e necessária da sua morte, refere o despacho. No pedido de abertura da instrução, os pais imputam aos arguidos a responsabilidade na morte do menor, porque não o impediram de ir para aquele local, sabendo que lá existia esse líquido tóxico". Esta é uma notícia divulgada hoje pela agência Lusa.
Pois eu limito-me a dizer que, seja qual for o resultado do processo, se eu fosse um dos donos da loja de electrodomésticos, a seguir processava os pais da criança por negligência já que, afinal de contas, eles é que são responsáveis pelo filho e deviam ter tomado conta dele enquanto estavam na loja. Para além disso, acusava-os de roubo, uma vez que o filho deles consumiu um produto que não lhes pertencia e que não foi pago. Quer dizer, uma pessoa tem um filho, é irresponsável ao ponto de o deixar andar a cirandar por aí e depois, quando as merdas acontecem, a culpa é sempre dos outros!
Os pais queixam-se que não foram avisados de que existia um líquido tóxico naquele local. Bom, os donos da loja também não foram avisados por ninguém de que aqueles pais eram irresponsáveis. O mal foram as falhas na comunicação...
Até agora tenho evitado fazer grandes comentários ao desaparecimento da Madeleine. Não tenho paciência para posts lamechas que apelam à bondade das pessoas nem para os indignados com a maldade do mundo. Há coisas que sempre achei que não batiam certo mas isso também nunca foi grande novidade, por isso não havia muito a dizer.
Agora, o que eu acho piada é que as pessoas que de início criticavam os pais por serem negligentes, que os acusavam de ter comportamentos sexuais perversos e de terem drogado os filhos, pouco tempo depois começaram a mostrar-se extremamente solidárias, com pena dos pobres paizinhos e, agora, vão para a porta da PJ vaiar e insultar as mesmas pessoas que até há pouco tempo apoiavam. Isto não é propriamente notícia no nosso país. Já se sabe que boa parte das pessoas não tem opinião, limitando-se a baloiçar conforme manda a comunicação social e, pelo caminho, vão dando espectáculo. Na política também é assim, portanto como o exemplo não vem de cima, também não se pode esperar muito...
Outra coisa engraçada são os próprios pais da criança que, de início, diziam que não saíam de Portugal enquanto a filha não fosse encontrada, mas agora que são arguidos decidem que talvez seja melhor irem-se embora. Talvez seja porque, entretanto, a conta bancária que tinha sido aberta para ajudar e encontrar a Madeleine já esteja bem recheada. Com aquele dinheiro todo, eu também aproveitava para fazer uma viagem.
Por fim, a polícia constitui arguidos os pais da criança, aplica-lhes termo de identidade e residência, diz que em breve irá proceder a detenções e, dias depois, eles saem do país. Resta-me esperar que a polícia tenha mais informação do que eu e que depois explique tudo devagarinho, como se fossemos todos crianças de 4 anos porque, se é só isto, sem dúvida que há muita coisa que ninguém vai perceber. É melhor chamarmos o macaco Gervásio! Se ele conseguiu fazer a separação do lixo em menos de 2 horas, pode ser que também consiga encontrar a Madeleine, fazer as detenções e explicar o processo à população.
Pois bem, a Polícia Judiciária, a Polícia Britânica, a Europol e a Interpol podem parar as buscas da Madeleine. Os jornalistas portugueses, britânicos e do resto do mundo e arredores podem levantar arraiais da Praia da Luz. O problema está resolvido. A miúda vai reaparecer após um momento de profundo arrependimento e comoção por parte do(s) raptor(es), vai estar sã e salva e vai juntar-se alegremente à sua família. E tudo isto porquê? Porque os seus pais vão a Fátima!
Isto vai deixar a Nossa Senhora numa posição muito incómoda. Por um lado, se a miúda continuar sem aparecer, é motivo para dizer "Então Fátima? As pessoas rezam, fazem promessas e eu não te vejo a fazer nada, fico chateada!", por outro lado, se a miúda aparece, é razão para questionar "Oh Fátima, então deixa-se uma criança inocente por aí, nas mãos de bandidos, só para satisfazer caprichos? Não está certo!".
Acho que este incidente diplomático ainda vai descambar num incidente teológico...
Antes de mais nada, para aqueles de vós que são tarados e vieram ler o post pensando que tinha fotografias, tirem daí a ideia porque não vão ver nada. Resta-vos irem embora ou dedicarem algum tempo à leitura sem imagens.
Não pude deixar de reparar a propósito do rapto da Madeleine, que duas das teorias que por aí circulam dizem que os pais drogavam as crianças para poderem praticar swing, tendo sido eventuais parceiros do casal a raptar a miúda e que o Robert Murat, aparentemente envolvido no rapto, teria relações sexuais com animais que depois matava.
Por muito interessante que tudo isto seja, por si só, não quer dizer absolutamente nada. Se os pais drogavam os filhos, são culpados apenas disso. Que eu saiba, o swing não é crime e não está directamente associado ao rapto de crianças. Quanto ao Robert ter sexo com animais, também só significa que tinha um comportamento sexual fora do comum que envolvia animais, e não necessariamente crianças. Logo, embora eu lamente o azar da bicharada, acho nada disto prova o que quer que seja na questão do rapto.
Em última instância, podemos até questionar o que é um comportamento sexual normal e o que é um comportamento sexual aberrante. Freud diria que a única aberração sexual é a abstinência e, também aqui, cada cabeça sua sentença.
Acredito que a polícia tenha mais informações que não manda cá para fora e acho que faz muito bem. Ainda na linha dos ditados populares, quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto e a população em desespero adora histórias de ficção.
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