Maslow elaborou em tempos aquilo a que chamou "Pirâmide de Necessidades". Segundo a sua lógica, na base da pirâmide encontram-se as necessidades fisiológicas, como sejam a fome e a sede, havendo um aumento progressivo na complexidade das necessidades a satisfazer.
Assim, de seguida, estão as necessidades de segurança, as sociais, as de auto-estima e as de auto-realização. Obviamente, não obstante todo o respeito que o autor desta teoria merece, facilmente nos apercebemos de que ela tem falhas, sendo um exemplo flagrante o das pessoas que passam fome e suportam torturas em nome de princípios e ideais.
No entanto, na maior parte dos casos, a hierarquia definida tem a sua lógica: dificilmente nos poderemos sentir realizados se estivermos reféns na nossa própria casa, sem acesso a comida há 5 dias, sem qualquer tipo de contacto social para além daquele que temos com o sujeito que nos aponta uma arma e que nos insulta com todos os termos que aprendeu depois da leitura atenta de um dicionário de calão...
E serve esta reflexão para chegar ao que se passa praticamente desde que o mundo é mundo. A maior parte das pessoas, após ultrapassar as preocupações com a fome e a sede, ambiciona uma ocupação estável, de preferência bem remunerada, a fazer aquilo de que se gosta, uma família e amigos porreiros, um relacionamento com alguém especial, etc.
Contudo, não nos chega estarmos bem porque vai sempre haver alguém que estará melhor que nós. E, como tal, não basta suprirmos as nossas necessidades. Torna-se indispensável lixarmos os outros de modo a que eles também não estejam satisfeitos! Assim, ao menos, não nos sentimos sozinhos e isto satisfaz as nossas necessidades sociais, de auto-estima e de auto-realização.
Aliás, é fácil comprovar que em situações de convívio é sempre proveitoso começar a criticar alguém. É um assunto que nunca se esgota porque há sempre mais alguém para atingir e mais um comportamento para criticar. E atenção: não estou a falar da crítica construtiva, da sátira humorística e nem sequer da pura e simples coscuvilhice! Estou mesmo a pensar na crítica destrutiva e na difamação que frequentemente ficam impunes, independentemente das consequências e da sua gravidade.
Deste modo, se és sacana, o teu comportamento está explicado e lamento por não seres tão original como isso. Na realidade, és só mais um sacana no meio de muitos.
Se és sacaneado, paciência! Tenta compreender o comportamento do sacana e ficar longe dele porque ele não vai mudar. Aliás, o melhor é isolares-te socialmente porque, para onde quer que vás, vais sempre encontrar um sacana.
E, por fim, no caso mais provável que é o de acumulares as duas funções, lamento informar que nunca vais satisfazer completamente a tua pirâmide de necessidades. Por muito que sacaneies os outros para te sentires melhor que eles, vai sempre haver um sacana melhor que tu para te sacanear também. C'est la vie...