Atenção criançada: este ano, devido a questões administrativas, eventualmente orçamentais e fortemente mediáticas, sempre que o Pai Natal der um brinquedo a uma criança, ela vai ter de devolver esse brinquedo. Aliás, aquilo que o Sócrates fez em Ponte de Lima foi só para que os putos se fossem habituando.
Esta é uma forma de podermos dizer que todas as crianças receberam um brinquedo, tiramos fotografias enquanto elas estão felizes e quando começar a birra por elas ficarem sem brinquedos, o problema já é dos pais. Este é também um Natal amigo do ambiente porque há menos embalagens para o lixo e os brinquedos estão constantemente a ser reciclados.
As eleições também deviam ser assim: sempre que alguém votasse num político (por exemplo, o Sócrates) e se arrependesse, podia ir lá e tirar-lhe o voto, do género "devolve-me o voto porque quando votei em ti fui ao engano pensando que ias cumprir o que prometeste".
Segundo o Sapo, "o Cardeal Patriarca de Lisboa, José Policarpo, afirmou hoje, na homilia de Natal, que o afastamento de Deus, ou o seu esquecimento e negação, constituem «o maior drama da humanidade»".
Não querendo desviar a atenção para assuntos menores, parece-me que a pedofilia na igreja talvez seja mais preocupante. Mas, como tanta coisa na vida, isso é só uma questão de perspectiva. Para o Cardeal Patriarca de Lisboa, essas histórias podem ser o pão nosso de cada dia...
Hoje é véspera de natal. Finalmente!
Isto quer dizer que, com sorte, a partir de amanhã, acaba-se a corrida aos centros comerciais, a guerra nos supermercados pela comida tradicional (onde eu vivo, duas velhotas iam-se matando para ver qual delas ficava com o último borrego, mas tudo dentro do espírito da época), os filmes da tanga na TV generalista, as galas de beneficência, os sujeitinhos mascarados de pai natal, duendes e renas, os cânticos irritantes e a pedinchice pelas ruas (porque as pessoas acham, numa perspectiva um bocado hipócrita, que devem ser solidárias no natal mesmo que se estejam cagando no resto do ano, e as instituições de solidariedade aproveitam).
Mesmo assim, tudo isto seria tolerável se não houvesse sempre alguém a vir falar nos meios de comunicação social da importância de nos lembrarmos do que verdadeiramente representa o natal, de como é uma época de paz e amor em que se deve estar com a família, enquanto se critica o consumismo desenfreado. Aqui fica um recado: caríssimos amigos, o natal é mais um dia no calendário. Se durante o resto do ano vocês forem uns capitalistas que se estão borrifando para as vossas famílias e só se lembrarem disso no dia de natal, desculpem lá mas as boas intenções já chegam um bocado tarde.
De resto, depois só falta aturar o chinfrim dos fogos de artifício na passagem de ano e, daí até ao carnaval, ainda dá para ter um mês de sossego. Que alívio...
Na última campanha de Natal da PT, o Ricardo Araújo Pereira, a determinado momento, dizia "Natal é quando um homem quiser e hoje não me apetece". Não tendo pretensões de alcançar o nível humorístico do Ricardo (nem de nenhum dos outros Gatos Fedorentos) porque é muito bonito uma pessoa saber o seu lugar, hoje não pude deixar de pensar nesta pérola da quadra natalícia.
E pergunta o cidadão comum "Não achas que vens um bocado tarde para falar do Natal?". Ao que eu respondo com 3 argumentos:
1.º - Se o Natal é quando um homem quiser, e assumindo a teoria da igualdade de direitos entre homens e mulheres, eu posso sempre dizer que me apetece que hoje seja Natal.
2.º - Pela mesma ordem de ideias, tanto se pode dizer que eu cheguei tarde para falar do Natal, como também se pode dizer que cheguei cedo. De facto, a seguir a um Natal vem sempre outro. E a propósito, isto faz-me lembrar o filme Gremlins em que não se podia alimentar os bichos depois da meia-noite. Oportunamente, alguém podia ter perguntado de que dia e em que fuso horário. Seria interessante (embora repetitivo) ver o herói sequestrado pelo Mogwai que o obrigava a viajar por diferentes fusos horários de modo a poder ficar num estado de permanente enfardanço sem que nunca fosse "depois da meia-noite".
3.º e mais importante - Eu não vou falar do Natal!
De facto apetecia-me hoje falar das condições de empregabilidade do nosso país que, aliás, deviam passar a chamar-se condições de desempregabilidade. No entanto, e como o título indica, apetece-me mas não tenho tempo. Portanto, ficará para outro dia.
. Hoje apetece-me mas não t...