"Na década de 1880, Lord Dufferin, embaixador inglês em Paris, encontrava-se de férias na Irlanda, na casa de campo de um amigo. Uma noite acordou subitamente de um sono profundo, inexplicavelmente sobressaltado.
Erguendo-se da cama, aproximou-se da janela e, à luz do luar, viu sobre a relva uma figura corcovada, cambaleando sob o peso de um objecto em forma de caixão. Dufferin saiu para o jardim e perguntou: «Que levas aí?»
O homem ergueu a cabeça debaixo da sua carga, e Lord Dufferin viu um rosto feio e engelhado que o repugnou vivamente. Quando perguntou ao homem para onde levava o caixão, a figura desapareceu misteriosamente, parecendo passar através do seu próprio corpo.
Na manhã seguinte, contou o sucedido ao seu anfitrião, mas este não conseguiu explicar-lhe a estranha aparição.
Alguns anos depois, na década seguinte, Lord Dufferin encontrava-se de novo em Paris, participando numa recepção diplomática no Grand Hotel.
No momento em que se preparava para entrar no elevador, juntamente com o seu secretário particular, Dufferin recuou e recusou-se a fazê-lo. O encarregado do elevador não era outro senão o homenzinho feio e engelhado que ele vira a transportar um caixão, anos antes, na propriedade do seu amigo na Irlanda.
O elevador subiu sem Lord Dufferin nem o secretário deste.
O embaixador dirigiu-se à recepção para se informar da identidade da estranha personagem.
No momento em que o elevador atingia o 5.º andar, o cabo partiu-se e aquele despenhou-se com um estrondo ensurdecedor, precipitando-se no fundo da caixa e matando todos os ocupantes.
As circunstâncias do acidente foram publicitadas pela imprensa e registadas pela Sociedade Britânica para as Pesquisas Psíquicas, mas o embaixador não conseguiu descobrir a identidade do encarregado do elevador que acabara por o salvar.
Nem a gerência do hotel nem os investigadores do acidente conseguiram encontrar qualquer indicação que lhes permitisse saber o nome do homem ou a sua procedência".
O grande livro do maravilhoso e do fantástico
Selecções do Reader's Digest
Agora um à parte maldoso. Releiam o "Desaparecimento enigmático" publicado em 30 de Junho e reparem como em 1889 também houve um acontecimento estranho num hotel em Paris. A situação que relato hoje aconteceu na década de 1890, também num hotel de Paris. Estranhas coincidências acontecem...
"Paris, 1889, ano da Grande Exposição. As ruas transbordavam de homens de negócios, compradores e turistas. Na sua maior parte, os hotéis tinham as lotações esgotadas.
No mês de Maio, chegaram à capital uma inglesa e a filha, provenientes de Marselha, onde haviam desembarcado, vindas da Índia. Tinham reservado dois quartos individuais num dos mais famosos hotéis de Paris.
Assinaram os seus nomes no livro de registo e foram conduzidas aos seus quartos. A mãe ficou instalada no quarto 342, um aposento luxuoso, com pesados cortinados de veludo cor de ameixa, papel de parede coberto de rosas, um sofá de espaldar alto, mesa oval de pau-cetim e um relógio de bronze dourado.
Quase imediatamente, porém, esta senhora sentiu-se doente e ficou de cama. O médico do hotel, que foi chamado, examinou-a, fez algumas perguntas à filha e teve depois uma conversa breve e agitada com o gerente do hotel, a um canto do quarto. Embora não falasse francês, a jovem conseguiu compreender as instruções que o médico, lentamente, lhe forneceu. A sua mãe encontrava-se gravemente enferma e necessitava de um medicamento determinado que ele só tinha no seu consultório, no outro extremo de Paris. Como ele próprio não podia abandonar a doente, pedia-lhe que fosse na sua carruagem.
A jovem partiu, a uma velocidade exasperantemente vagarosa. Depois de uma espera angustiosa no consultório, e de uma viagem de regresso igualmente lenta, voltou com o remédio. Tinham decorrido 4 horas.
Saltando da carruagem, precipitou-se para a recepção do hotel. «Como está a minha mãe?», perguntou ao gerente. Este olhou-a sem expressão. «A quem se refere, mademoiselle ?», perguntou. Apanhada de surpresa, ela gaguejou uma explicação da sua demora. «Mas, mademoiselle , não sei nada da sua mãe. A mademoiselle chegou sozinha ao hotel.»
Perturbada, a jovem protestou: «Mas nós registámo-nos aqui há menos de 6 horas. Veja no livro de registos.» O gerente apresentou o livro e percorreu a página com o dedo. A meio da página encontrava-se a assinatura da jovem, mas, imediatamente acima, onde a mãe assinara, estava o nome de um estranho. «Ambas assinamos - insistiu desesperadamente a jovem - e a minha mãe recebeu o quarto 342, onde está neste momento. Por favor, leve-me imediatamente até junto dela.»
O gerente garantiu-lhe que o quarto estava ocupado por uma família francesa, mas subiu com ela. O quarto 342 continha apenas os objectos pessoais dos seus novos ocupantes. Não havia cortinados cor de ameixa, nem papel de parede com rosas, nem sofá de espaldar alto, nem relógio de bronze dourado.
De novo na recepção, a jovem encontrou o médico do hotel e procurou averiguar o que sucedera à mãe. Este negou tê-la alguma vez encontrado e jurou que nunca examinara a mãe.
A jovem expôs o sucedido ao embaixador britânico, que não a acreditou; tão-pouco nela acreditaram a polícia ou os jornais. Finalmente, regressou a Inglaterra, onde deu entrada num asilo.
Uma explicação para esta estranha história é a de que a mãe teria contraído a peste na Índia. O médico, tendo reconhecido os sintomas, conspirara com o gerente do hotel para esconderem a notícia, que teria certamente arruinado a Grande Exposição. Mas podia o quarto 342 ser decorado de novo em 4 horas? E que terá sucedido ao corpo da mãe? O mistério permanece."
O grande livro do maravilhoso e do fantástico,
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