Eu até costumava simpatizar com a ideia da flexibilidade mas, a verdade, é que nos últimos tempos tenho-a visto ser aplicada em dois contextos que não me agradam muito:
1 - Pelos técnicos do Centro de Emprego que, do alto da sua sabedoria, recomendam aos desempregados ou aspirantes ao primeiro emprego que recebam formação em temas que não têm absolutamente nada a ver com as suas áreas de formação e/ou competências. Eles argumentam que é importante ser polivalente. Acredito que sim. Mas a verdade é que depois de 5 anos a pagar propinas para fazer o curso, se eu quisesse ser polivalente ia lavar escadas e não precisava da ajuda deles para nada. Chamo a atenção para o facto de não ter nada contra quem lava escadas, pelo contrário, quando a senhora que lava a escada do meu prédio faz um mau trabalho (como é costume), gostava que houvesse um curso que a ensinasse a fazer isso melhor. Mas a verdade, por muito que me custe, é que se as áreas que me propõem no Centro de Emprego me interessassem, eram essas que eu tinha escolhido logo à partida. Talvez eu esteja a ser muito exigente, mas esta situação revolta-me um bocado.
2 - Quando, fartos do Centro de Emprego, aceitamos um emprego miserável e sem quaisquer condições e o patrão muda as regras a meio do jogo. E muda para pior (afinal parece que é mesmo possível)! Ainda mais giro é quando ele já teve inúmeras oportunidades para informar os reles funcionários e não os informa. É aqui que surge outra actividade, de extrema importância no contexto sócio-cultural-económico nacional que é a do diz-que-disse. Aparentemente, em meio laboral, esta é a forma privilegiada de divulgar informação...
De hoje em diante, acho que a palavra "flexibilidade" deveria ser abolida destes dois contextos, e substituída por "contorcionismo" ou "fractura da coluna vertebral". Fica a sugestão e o desabafo.
. A nobre arte de ser flexí...