Sábado, 15 de Novembro de 2008

Já não me metia com eles há muito tempo

No Vaticano, o ministro da saúde, o cardeal Javier Lozano Barragán, insurge-se com uma decisão da justiça italiana. Ao que parece, a justiça autorizou que fosse retirada a alimentação a uma mulher que estava em coma há 16 anos. O ministro, seguindo os preceitos da máfia que representa, afirmou "A vida é sagrada. Não existe o direito a morrer". Talvez fosse boa ideia ele ir pedir satisfações ao seu superior hierárquico máximo (vulgo, deus) que, se levarmos a sério a tanga de ser ele o responsável pela vida e pela morte, é um grandessíssimo assassino que nunca irá prestar contas à justiça.

Lá perto, mas agora em Milão, um cartaz da ONG Telefono Donna relativo ao Dia Internacional Contra a Violência Doméstica, gerou polémica por representar uma mulher crucificada, acompanhada da interrogação "Quem pagará pelos pecados do homem?". O vereador lá da terra veio dizer "Vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para impedir esta campanha, cuja mensagem mostra o símbolo da Cristandade e afecta os sentimentos religiosos dos cidadãos". O cartaz é este, mas alerto já que quem for profundamente religioso poderá ficar ofendido com o seu conteúdo. De qualquer modo, quem for profundamente religioso talvez já tenha aprendido com a experiência que o meu blog é um espaço de pecado e perdição e, provavelmente, já não anda por aqui.

Seja como for, é nestas pequenas coisas que se vêem as incongruências religiosas. Segundo a igreja as vidas são sagradas, mas não há problema nenhum em passar a vida a espancar o cônjuge. Aliás, o que seria do sagrado matrimónio sem uma sagrada bofetada, pontapé, murro ou cabeçada? Desde que o marido não mate a mulher (cuja vida é sagrada), pode fazer o que quiser...

Os cidadãos de quem falava o senhor vereador, ficariam ofendidos nos seus sentimentos religiosos apenas com o facto de a campanha mostrar "o símbolo da Cristandade" mas não se revoltam com a violência doméstica. É esta a piedade católica!

Oh Alexandra Solnado, fala aí com Jesus e pergunta-lhe se ele é a favor do espancamento conjugal. Aproveita e pergunta-lhe também se ele concorda que os padres abusem sexualmente de crianças e se ele acha bem a acumulação de riqueza no Vaticano, sem que haja partilha com os pobres. Depois diz-me as respostas. Obrigada.

publicado por bonecatenebrosa às 11:26
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Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2008

6.ª Sobrenatural - "Transacção planetária"

Bem sei que pode parecer que estou a avacalhar com a 6.ª Sobrenatural, mas quando vi este anúncio nos classificados do Diário de Notícias, não pude evitar pensar que algo aqui é sobrenatural: ou a mensagem em si ou o seu autor.

E mais sobrenatural ainda é ele ter dado o seu nome e número de telefone, que eu apaguei por um motivo muito simples: se o gajo é Deus, como ele diz, tem mais é que estar a trabalhar em vez de andar para aí a fazer de telefonista. Depois há um sismo em Phuket e o pessoal diz "Phuket que isto nos está sempre a acontecer?" e a resposta é óbvia: porque Deus estava ocupado a atender telefones!

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Terça-feira, 11 de Dezembro de 2007

É por uma boa causa

Ao que parece, um padre do concelho de Barcelos quer que os crentes lhe paguem um dia do salário mensal, deixando de ministrar os sacramentos a quem não o fizer e aplicando multas àqueles que se atrasarem a efectuar os pagamentos.

A população passou-se! Alguns dizem que há reformados que passam fome e não têm luz eléctrica. Outros têm medo que as criancinhas fiquem por baptizar e os mortos por enterrar.

E agora pergunto eu: haverá aqui alguma dificuldade no estabelecimento de prioridades? E respondo: sim!

Primeiro quero chamar a atenção para uma coisa: não vão nas conversas dos padres. Não caiam na esparrela de eles dizerem que conhecem a palavra de deus porque a palavra de deus é ambígua como o caraças. Mesmo que não fosse, tanto quanto me lembro da catequese (sim, tempos amargos), quando deus quer mesmo falar com alguém, não precisa de mensageiros nem de intérpretes, vai lá e fala. Dizem que fez isso a um gajo quando ele andava pelo deserto e a outro num monte...

De qualquer modo, daquilo que percebo, deus não exige um dízimo para si porque se auto-intitula dono de tudo o que existe, mas recomenda o pagamento de dízimos a funcionários, sacerdotes, pobres, viúvas e órfãos. Ora, isto engloba praticamente toda a população portuguesa, com excepção de políticos, o Belmiro de Azevedo e o Jardim Gonçalves. Assim sendo, também eu posso andar aí pelas ruas a pedir o dízimo. A questão que se põe é: será alguém suficientemente estúpido para mo pagar?

Portanto, a meu ver, o padre pode pedir e ameaçar o que quiser. Quem tiver fome, mande-o passear e vá comprar comida. Quem quiser baptizar o bebé, mande-o passear e vá ao rio fazer como João Baptista (que não era padre porque na época ainda não havia padres) e quem quiser ser enterrado (ideia interessante) ou enterrar o seu familiar defunto (convém que assim esteja), faça-o de forma não religiosa. Agora, por via das dúvidas, não deixem o padre chegar-se perto das criancinhas, não vá ele querer que lhe paguem em géneros aquilo que não for pago em euros...

publicado por bonecatenebrosa às 12:32
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Quarta-feira, 26 de Setembro de 2007

... E a caridade que se lixe!

No final de tudo, a igreja que, supostamente, deveria seguir o exemplo de Jesus Cristo, abdicando de bens materiais e fazendo caridade, está é a chular o peregrino. Mas se o peregrino gosta, tudo bem.

Acho que a ideia acaba por ser um "faz o que eu digo, não faças o que eu faço", traduzido por "deixa lá de ser avarento (que a avareza é um pecado mortal), passa para cá o dinheiro, faz a tua parte da caridade, que eu construo uma igreja".

Com sorte, até podem dizer ao peregrino que vai a Fátima pedir o milagre de arranjar emprego que, com uma pequena contribuição, ele habilita-se a estar entre os 20 funcionários que vão assegurar a manutenção e vigilância da nova igreja. Mas como só 20 serão escolhidos, é melhor darem uma contribuição caridosa...

publicado por bonecatenebrosa às 16:24
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... Escreve certo por estradas tortas...

Ao que parece, outros 10 milhões (mais coisa menos coisa que, no fundo, quem é que se interessa por estas ninharias) vão servir para a construção de um túnel rodoviário.

Está mal! O bom peregrino não vai para Fátima de carro! Porquê? Porque gasta até ao último centavo a patrocinar as obras da igreja. Logo, não tem dinheiro para a gasolina e tem de se deslocar a pé ou de joelhos, faça sol ou chuva, para demonstrar a sua fé.

Quer-me parecer que foi o mafarrico que inspirou esta ideia para desencaminhar os (cada vez mais) pobres fiéis.

publicado por bonecatenebrosa às 16:23
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Deus faz o milagre da multiplicação dos custos...

Este é o primeiro post de uma trilogia.

Parece que os custos de uma nova igreja em Fátima já ascendem ao dobro do inicialmente previsto, custando cerca de 80 milhões de euros, ao invés dos 40 milhões definidos inicialmente.

Em parte, isto acontece porque, foram precisos mais 10 milhões de euros para as fundações da igreja, que obrigaram à colocação de estacas a 32 metros de profundidade, em zonas de rocha. No fundo, acho que Deus queria espetar uma estaca no diabo, mas acabou por espetá-la foi nos bolsos dos peregrinos, já que parece que foram esses tansos que financiaram integralmente a obra.

Como quem corre por gosto não cansa, quem faz o caminho para Fátima de joelhos e, no fim, ainda deixa que lhe deitem a mão ao bolso, também não deve cansar.

publicado por bonecatenebrosa às 16:22
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Domingo, 27 de Maio de 2007

Parem outra vez tudo o que estão a fazer

Desculpem lá. Eu calculo que sejam pessoas ocupadas e que tenham mais o que fazer do que estar a dar-me atenção mas, se o que estão a fazer fosse mesmo importante, também não iam parar só porque eu pedi, certo? Além do mais, e modéstia à parte, é melhor fazer uma pausa comigo do que com o KitKat.

Não pude deixar de sentir comichão quando vi que o papa ia receber os pais da Madeleine. Podia voltar a falar sobre os desígnios de Deus, mas acho que já disse tudo o que pensava sobre isso em posts anteriores por isso, se quiserem saber, podem sempre lê-los. Resta então falar sobre o comportamento do papa.

Parece-me que o papa tem falta do que fazer. E isto acaba por ser a lógica da batata. De facto, não o vejo a fazer muita coisa e, na maior parte das vezes, até prefiro que assim seja: já que não ajuda, ao menos que não atrapalhe... Agora, o que me parece é que isto não é uma manobra dos pais da Madeleine para que o caso permaneça mediático. Penso que, no fundo, é sim uma manobra do papa para ter publicidade.

Só que, partindo do princípio que o papa segue a vontade de Deus e que Deus é justo (um pressuposto que eu própria questiono), deveria agora receber os pais de todas as crianças desaparecidas e não só aquelas que desaparecem em países europeus, supostamente desenvolvidos (outro pressuposto questionável). Deveria receber também aquelas que desaparecem na Ásia, em África e na América do Sul. Mas talvez o papa ache que ia ficar assoberbado com tanta recepção às famílias e, assim sendo, é melhor dar prioridade aos pais de criancinhas brancas, loiras e de olhos azuis. Afinal, há que ter critérios e só Deus sabe porque é que gosta tanto de lixar algumas áreas do globo.

publicado por bonecatenebrosa às 21:04
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Domingo, 13 de Maio de 2007

Preocupações reais e histerias colectivas

Faz hoje 10 dias que a Madeleine desapareceu. Até agora, eu tinha optado por não comentar o assunto porque, para ser sincera, acho que não há nada a dizer. Já ouvi toda a espécie de teorias, algumas mais e outras menos absurdas, mas acho que só ainda não ouvi culparem os extraterrestres.

Por isso, mesmo hoje não tenciono comentar o desaparecimento, mas sim uma outra situação que me embrulha um bocado o estômago. É que hoje, durante o zapping, vi um pouco da transmissão das cerimónias em Fátima e só via cartazes da Madeleine e gente a rezar pelo aparecimento ela. Tenho o maior respeito pela fé das pessoas, mas as incoerências chateiam-me um bocado, por isso cá vai:

1 - Quem não acredita em Deus, considera que a responsabilidade dos acontecimentos cabe ao acaso, a si ou aos outros. E como não conta com Deus para resolver os problemas, ou desiste ou toma iniciativas. Estas pessoas (nas quais me incluo), podem não ser felizes, podem não conseguir o que querem mas, ao menos, podem sentir-se responsáveis.

2 - Quem acredita num Deus omnipresente, omnipotente, omnisciente, etc, deveria atribuir-lhe a responsabilidade por tudo o que acontece (de bom e de mau), porque tudo é a vontade dele. Logo, o desaparecimento da miúda também seria vontade divina e, como tal, as preces são inúteis.

3 - Quem acredita em Deus, mas não acha que ele seja omniqualquercoisa, também não deve incomodar-se a rezar por o que quer que seja, porque não está nas mãos dele pôr isso em prática.

4 - Quem acha que Deus pode estar a castigar os pais pelo desaparecimento da filha, devia ter juízo. Se acredita num Deus que faz os filhos pagarem por erros dos pais, acredita num Deus injusto, logo as preces também seriam inúteis.

5 - Quem acredita que o desaparecimento da miúda é um teste à fé, em geral, também acredita num Deus injusto que prejudica uma pessoa (supostamente inocente) para pôr à prova os outros. Volta-se ao mesmo e, mais uma vez, as rezas não servem para nada.

6 - Quem acredita que Deus é como uma criança mimada a brincar connosco como se fossemos fantoches, sabe intuitivamente que as preces também não servem de nada porque, no fundo, é inútil tentar dialogar com um puto desse tipo.

Isso leva-me a crer que o melhor é mesmo não acreditar em Deus, pôr as súplicas de lado, esquecer as promessas que não levam a lugar nenhum e, se o pessoal quer mesmo ajudar a encontrar a Madeleine, resta ficar atento e contactar as autoridades quando (e se) tiver uma pista. E já agora, sugiro que os interessados consultem na página da Polícia Judiciária a secção das pessoas desaparecidas. É que para além da Madeleine há muitos outros, crianças e adultos, que continuam desaparecidos e que têm o mesmo direito de serem procurados e encontrados.

É claro que podem discordar de mim e estou disponível para qualquer debate teológico desde que os argumentos sejam credíveis e não baboseiras do género "é preciso ter fé"...

Ah, e a propósito, alguém acredita sinceramente que, a haver um ou mais raptores, eles iam ficar comovidos com o apelo do Cristiano Ronaldo, do David Beckham ou de outras figuras? Não sei, mas acho que por muito que se possa ser fã deles, ninguém rapta uma criança para a seguir a devolver só porque uns tipos famosos pediram com jeitinho! Mas essa é só a minha opinião...

publicado por bonecatenebrosa às 22:35
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Sábado, 12 de Maio de 2007

Arriscar a vida e o limbo

Sei que o título é estranho mas tudo tem uma explicação. Há algum tempo, estava eu a ver um episódio da Buffy, a Caçadora de Vampiros (quando dava nas madrugadas da SIC generalista, em alternância com o Walker, o Ranger do Texas), quando o Spike, uma das personagens, dizia algo do tipo "to risk life and limb " que o tradutor inteligentemente traduziu como "arriscar a vida e o limbo", ao invés de "arriscar a vida e um membro".

Não vou começar a falar de todas as gaffes cometidas por tradutores, até porque andam por aí muitos profissionais de qualidade que não pretendo ofender com os disparates dos outros. Além disso, para quem se interessar por esse tema, recomendo que leia a rubrica "Os Dias de Criswell " na revista Premiere, que fez uma recolha de exemplares bastante interessante.

Serve então este post para dizer que, por decreto do papa, as crianças que morrerem sem serem baptizadas já não arriscam uma vida após a morte no limbo. As crianças mortas agradecem! Agora a minha questão é: será que o limbo nunca existiu e a igreja católica enganou-se (oh valha-nos Deus!) ou será que Deus, por decreto do papa, vai mandar encerrar o limbo que sempre existiu? Estas dúvidas filosóficas dão cabo de mim.

publicado por bonecatenebrosa às 16:50
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