Vi a notícia de que cada deputado iria passar a ter direito a um assessor. Admito que ainda agora me estou a rir... esta é a prova cabal da incompetência dos nossos deputados! Ora, vejamos bem, tendo em conta a dificuldade e extrema exigência física e intelectual do trabalho que eles fazem, não admira que precisem da ajuda dos assessores. É que ficar no gabinete a segurar na caneta dá trabalho. E isso já para não falar de quando têm de assistir aos debates no parlamento. Aí dá sempre jeito ter um assessor que lhes dê um empurrãozinho quando estão a começar a adormecer...
Afinal de contas, e mais que não seja, ao fim de algum tempo fica difícil decidir o que fazer com o dinheiro dos impostos que nós pagamos. "Hum, será que vamos construir uma escola ou um hospital na margem sul, onde fazem tanta falta porque aquilo é um deserto? Não. Talvez uma nova auto-estrada! Não, também não. Uma remodelação na minha casa de banho! É melhor não, depois da remodelação da cozinha era capaz de dar muito nas vistas. Ah, já sei! Vou arranjar maneira de que todos os deputados tenham um assessor! Pronto, e mato dois coelhos de uma só cajadada, porque assim arranjo tachos para muitos filhos, sobrinhos e afilhados. É isso mesmo!". Vá lá, temos de concordar que é um raciocínio com lógica.
Agora só falta que, em tempo de campanha eleitoral, os políticos comecem a prometer um assessor para cada português, à semelhança do que, em tempos, alguns políticos fizeram com os electrodomésticos.
Hoje o Diário de Notícias informa que a "Câmara de Mesão Frio emprega mulher e filha do presidente". Para verem que não estou a mentir, aqui têm a notícia e, caso não consigam ver bem, ela deve estar no DN online:
Devo dizer que nada disto me espanta. Eu própria já me candidatei a muitos empregos e eram comuns as vezes em que, nas entrevistas, candidatos incompetentes noutras áreas da avaliação, acabavam por conseguir brilhar devido a laços de parentesco ou amizade. Aliás, a propósito da avaliação da motivação, devo dizer que cheguei a ir ao Açores para uma entrevista e, numa escala de 0 a 5, deram-me um 3 na motivação. Ora, se eu vou do Continente aos Açores e não estou suficientemente motivada, não sei quem esteja. Tudo bem que eu gosto de vaquinhas malhadas, mas não fazia a despesa da viagem só para as ver pastar...
Desde essa altura que já não sou ingénua ao ponto de ter esperança quando vou a uma entrevista de emprego. Agora, limito-me a desejar fortemente que o candidato com a cunha morra ou sofra um acidente grave. Mas aí, o mais provável, era anularem o concurso...
No meio disto tudo, não critico a Patrícia ou a Florbela Silva. Elas só estão a fazer pela vida! Agora, o filho da mãe do Marco Teixeira da Silva é que devia ter vergonha na cara... Mas de facto, por que havia ele de ser diferente dos outros? Isto também é corrupção e o que não falta por aí são autarcas corruptos. Sugiro é que comece a aquecer o motor da trituradora de papel porque quem é corrupto para umas coisas também é para outras e se calha este senhor cair em desgraça, aí não há quem lhe valha, nem à mulher, nem à filha. Pelo menos é nisto que eu gostaria de acreditar.
Quanto à filha Patrícia, e visto que o estágio dela também foi feito na Câmara Municipal onde o pai é presidente, acho que talvez fosse de questionar a nota obtida. E aqui fica um conselho: Miúda, larga a barra das calças do papá e junta-te a nós no maravilhoso mundo do trabalho precário e das viagens ao Centro de Emprego! Quanto à esposa, fique descansada: ao menos nunca se vai preocupar se vier a saber que o marido anda a dormir com a secretária porque, no fim de contas, as duas são a mesma pessoa.
Voltando à questão das entrevistas de emprego, todos nós sabemos que estas servem apenas para introduzir uma forma de avaliação que prima pela ausência de objectividade e onde, perante críticas, o júri afirma-se soberano. Cheguei a pensar numa alternativa que era tornar obrigatória a gravação áudio das entrevistas para que, perante reclamações, as cassetes pudessem ser enviadas a avaliadores independentes. Contudo, embora isto dificulte a cunha, não a torna impossível, mas ao menos torna-a competitiva. Imaginem duas cunhas, a do autarca e a do avaliador independente, a concorrerem uma contra a outra. Até se podia fazer apostas a dinheiro!
Aos aspirantes a integrarem o mercado de trabalho, fica aqui uma sugestão de que se devem lembrar sempre: quando vos pedirem para enviar CV, não é o Curriculum Vitae que vos estão a pedir. O que querem é saber qual é a vossa Cunha Valente!
Quanto aos autarcas, sugiro que não atribuam cargos a familiares porque os divórcios acontecem, as atribuições de poder paternal também, os filhos são rebeldes e não é boa ideia ter contra vós alguém que sabe os vossos podres pessoais e profissionais. E já agora, não vendam cargos por menos de 50000 euros. É que a incompetência dos funcionários que entram com cunhas também se pode pagar cara.
Quanto a ti, Diana Brandão, estou contigo. Parte-os todos!
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