A propósito do novo regime jurídico para o divórcio que foi promulgado pelo nosso presidente (não, não precisamos de mais comunicados, fica sossegadito faz favor), lembro-me de há pouco tempo ouvir o professor Marcelo falar dos inconvenientes que este novo regime levantava e fazia a comparação com os contratos de trabalho, dizendo que em breve os contratos de trabalho teriam mais estabilidade e garantias que os casamentos.
Como eu falo tanto como o professor Marcelo e, às vezes, tenho a nítida sensação de que entendo mais do que falo do que ele (embora não seja tão rápida a ler enciclopédias), dei por mim a pensar se a crítica dele representaria de facto um inconveniente.
Primeiro, só mesmo no planeta dele é que os contratos de trabalho são estáveis e com garantias. Depois porque, a meu ver, faz todo o sentido que um contrato de trabalho seja mais estável e dê mais garantias que um casamento. A nossa sociedade vem progressivamente a enaltecer os casamentos por amor, talvez porque fique mal admitir quando um casamento é de conveniência. Ora, o amor é uma emoção e, consequentemente, está sujeito a alguma instabilidade, o que faz com que o casamento seja automaticamente uma instituição instável. A prova disso é que, independentemente de o divórcio ser um processo fácil ou difícil, há cada vez mais gente a divorciar-se.
Por outro lado, as pessoas dependem do seu trabalho para ter casa, comida e, de um modo geral, dinheiro. Logo, as pessoas dependem do trabalho para sobreviverem, mas não dependem do casamento para sobreviverem. Aliás, o nosso presidente salienta que o novo regime jurídico do divórcio vai agravar vulnerabilidades, principalmente de mulheres e filhos menores, mas se essas mulheres tivessem estabilidade, direitos e garantias no mercado de trabalho, possivelmente não estariam dependentes de maus casamentos para sobreviverem.
Conclusão: Aumentem a estabilidade e garantias do mercado de trabalho para que cada um possa estar casado ou divorciado conforme seja o seu desejo, sem que isso prejudique ninguém. E assim ainda beneficiam os solteiros e os viúvos!
Ah, e para que vejam como eu sou um espectáculo, capaz de juntar dois temas polémicos num só post, reparem nisto: para aqueles que forem homofóbicos, talvez seja uma boa altura para defenderem o casamento de homossexuais. É que se o casamento está pelas ruas da amargura, deixar os homossexuais casarem-se pode ser o pior que lhes pode acontecer. Viram? Casamento, divórcio, homossexualidade... só falta mesmo uma catástrofe natural ou uma invasão extraterrestre!
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