Foi hoje divulgado um estudo que mostra a existência de taxas elevadas de violência entre casais jovens. Sinceramente não me surpreende, por dois motivos: tendo em conta os níveis de violência doméstica entre adultos e considerando que são os adultos que (des)educam os jovens, acho que os jovens estão em muitas das vezes a seguir o exemplo com que se deparam. Aliás, se eu fosse jovem e lesse as crónicas do Sr. Miguel Sousa Tavares também ficaria cheia de vontade de espancar alguém, mas como eu e ele não somos vizinhos, acho que ele já se safou.
O outro motivo é a... não queria usar a palavra estupidez, a... vá ajudem-me... chamemos-lhes as limitações intelectuais de muitos jovens. O Ministério da Educação estimula o facilitismo e isso tem consequências. Os jovens não se habituam a pensar de forma aprofundada, a longo prazo, nem a esperar pelas recompensas e sejamos realistas, qual é a maneira mais rápida de se conseguir o quer se quer de alguém? É com porrada! Junta-se o querer algo ao saber que não há represálias e o resultado está à vista, com jeitinho, ainda conseguimos que a população em geral e até o Supremo Tribunal de Justiça, dê razão ao criminoso e culpe a vítima. Talvez entre jovens não surjam argumentos como "ela queimava a comida" ou "ela não passava a roupa a ferro" mas outros igualmente interessantes como "ela recusou-se a ver os Morangos com Açúcar comigo" ou "ela recusou fazer-me os trabalhos de casa".
Não quero com isto dizer que a minha geração (e as anteriores à minha) são melhores, porque não são. Bem pelo contrário! Dantes, se uma mulher apanhava do marido, namorado, pai, irmão, ou quem quer que fosse, tinha de comer e calar e o assunto nem sequer era tema de telejornal. Agora, ao menos, há informação. E se alguém que já apanhou ou que venha a apanhar do(a) namorado(a) ler este post, aqui ficam uns pequenos pensamentos: a culpa nunca é da vítima, o ciúme é sinal de possessividade e não de amor, não há desculpa para a agressão (seja ela física, emocional ou sexual) a probabilidade do agressor mudar é praticamente nula e quem bate uma vez, também bate duas ou três.
Isto fui eu a fazer mais serviço público que a maior parte dos órgãos de comunicação social, que se limitam a relatar resultados, mas não desconstroem ideias pré-concebidas. Depois lemos os fóruns de discussão com perguntas inteligentes como "qual é o mal de bater na namorada se ela gosta?". Ainda gostava de saber se alguém perguntou à moça se, de facto, gosta ou não, isto porque o facto de alguém levar pancada e continuar numa relação não é sinónimo de gostar. Pode significar medo, vergonha, falta de compreensão da própria situação ou receio de ouvir "bocas" do tipo "então mas não gostavas de apanhar?". Para as criaturas que têm esta dificuldade de compreensão, façam este esforço: imaginem que são mal pagos e que, cada vez que se queixam, alguém vos diz "então, és mal pago porque gostas"! Se calhar não é bem assim...
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