Domingo, 6 de Maio de 2007

Excessos alimentares e outros vícios

Hoje é um dia importante no futuro da Madeira. Aposto que todos estão com grandes expectativas para ver quem irá ganhar as eleições, a luta está renhida e qualquer voto poderá fazer a diferença. E se lerem isto em voz alta muitas vezes, pode ser que uma dia acreditem.

Até lá, e aproveitando a guerra declarada contra a obesidade, hoje irei falar de vícios. Isto porque acho que anda por aí muito boa gente a confundir as coisas.

Ponto 1 - Estou de acordo que a obesidade é responsável por inúmeros problemas de saúde e que é indispensável promover uma alimentação saudável.

Ponto 2 - Por mais que as escolas tomem a iniciativa de retirar dos seus bares e cantinas a comida altamente calórica e gordurosa (e fazem bem), a educação começa em casa, e se os pais continuarem a mandar pacotes de batatas fritas para o lanche dos filhos, as escolas não vão ter grande margem de manobra. Além disso, se continuarem a haver McDonalds a menos de 300 metros das escolas com Happy Meals a 1,5 euros, também não vão ser alcançados grandes resultados.

Ponto 3 - Não caiam na asneira de achar que a obesidade é tão grave como a anorexia e a bulimia. É que, mesmo para os adultos, é por vezes difícil encontrar o equilíbrio e facilmente se oscila entre extremos. Em crianças, e principalmente em adolescentes, a obsessão com o peso pode descarrilar para perturbações do comportamento alimentar, muito mais difíceis de curar que a obesidade e com efeitos muito mais devastadores.

Ponto 4 - Não queiram comparar os excessos alimentares com o consumo de tabaco, como há pouco tempo fazia um senhor no programa da Fernanda Freitas na RTP2. Este senhor dizia que, do mesmo modo que um fumador devia ser criticado por fumar em restaurantes, também os obesos deviam ser criticados por comerem em demasia. Ora, um obeso que come em excesso apenas se prejudica a si mesmo, enquanto um fumador num espaço público prejudica os que estão à sua volta. Se alguns não se importam, outros há que podem importar-se e, se a liberdade de uns acaba onde começa a dos outros, ninguém impede o fumador de fumar em casa, onde não incomoda mais ninguém.

Ponto 5 - É claro que podemos dizer que ambos produzem um impacto negativo sobre o Sistema Nacional de Saúde e usar o argumento "Os meus impostos não têm de pagar os erros dos outros" (um pouco à semelhança do célebre "usar os meus impostos para as clínicas de aborto, não obrigada"). Em certa medida concordo. Mas se os meus impostos também pagam o tratamento de cancros, tuberculoses, alzheimers, parkinsons, diabetes e asmas, entre outras doenças que eu não tenho, onde é que iríamos pôr o limite?

Para concluir relembro que havia um senhor que dizia "uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa". Isto é a lógica da batata, mas convém relembrá-la porque quando as pessoas a esquecem, entram rapidamente em extremismos ridículos e injustificados. Dêem a cada problema a importância que ele merece, sem pecar por excesso ou por defeito.

publicado por bonecatenebrosa às 13:42
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