Sábado, 13 de Outubro de 2007

A revolta dos frustrados

Com este post estou a participar no passatempo do http://arcebispodecantuaria.blogs.sapo.pt/.
A revolta dos frustrados

É assim que chamo às praxes.

Poderia acabar já este post porque, de certa forma, já está tudo dito. Mas achei que devia tecer mais alguns comentários. Quando fui caloira, não fui particularmente massacrada pelos chamados veteranos ou, na minha interpretação, sujeitos que reconhecem as dificuldades inerentes ao mercado de trabalho e optam por acumular reprovações de modo a nunca abandonarem a faculdade, envelhecendo lá ao ponto de serem confundidos com professores catedráticos e sobrecarregando as famílias com o pagamento de propinas. Como tudo tem o seu lado positivo, conhecem a fundo o sistema de ensino e, em caso de ataque nuclear, sabem quais são os recantos da faculdade que mais se assemelham a bunkers para se esconderem.

Voltando à linha de raciocínio que interrompi, apenas fui apanhada uma vez e só não me recusei a ser praxada porque a praxe consistia apenas em ter a cara pintada e cantar a música que celebrizou o Calimero e a Abelha Maia. No entanto, quando tomei a iniciativa de abandonar o recinto e fui confrontada por uma criatura que dizia "olha que depois vais a tribunal de praxe", limitei-me a responder "está bem". A menos que tencionem vir-me buscar a casa agora que já estou licenciada, penso que me safei e nunca fui a tribunal nenhum...

Quando aparecem mais criaturas daquele tipo a falarem dos benefícios da praxe porque, dizem eles "facilita a integração", eu pergunto "até que ponto nos queremos integrar com aquela gente?". Não tive falta de amigos na faculdade, não conheci nenhum desses amigos durante a praxe e, tanto quanto sei, muitos nem sequer foram praxados. Não éramos considerados totós, não fomos rejeitados por ninguém. Aliás, se alguém me rejeitou sem que eu reparasse, desculpem lá a arrogância, mas essa pessoa é que ficou a perder.

No fundo, a praxe mantém-se porque uma quantidade de idiotas quer libertar as suas frustrações e outros idiotas não têm coragem para se afirmar, mesmo que às vezes sejam em número superior. E no meio disto tudo, vamos tendo casos de polícia que não chegam a lado nenhum e que ainda agravam mais os problemas causados às vítimas porque estas, no fundo, a partir do momento em que se matricularam, estavam a pedi-las...

Ora, considerando tudo isto, penso que o senhor primeiro-ministro faz muito bem em apostar nas novas oportunidades. Assim, quem desistir do curso porque não está para passar o primeiro ano a ser espancado, pode sempre voltar quando for mais velho e já ninguém achar que ele é caloiro. De qualquer modo, se a ideia é pagar o curso e ficar desempregado, se calhar mais vale desistir do curso e ficar inteiro...

publicado por bonecatenebrosa às 14:14
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2 comentários:
De Alguem a 9 de Setembro de 2008 às 23:29
Bem, tenho de dizer desde já que nao sabes o que sao praxes. Primeiro, eu fui presidente do comissao de praxe de economia no iscte no meu 2 ano e agora no meu 3 ano tb o serei. Depois, para quem chamas q acumula reprovaçoes, eu sou o mlh aluno do meu curso, tendo no 2º ano uma media de 16,01 valores. Depois, as praxes representam aquele cheiro de tradiçao academica, aquele ambiente, aquelas musicas, os canticos, a amizade que se faz com quem entra. Tenho 12 afilhados e a todos ajudei como pude, mas a mlh ajuda que dei foi ser seu amigo e o maior presente foi tambem a amizade deles... N sei se a tua experiencia foi traumatizante ou se a faculdade de onde eras, era constituida por uma conselho de recalcados. Quanto a isso n sei e se eram, acho bem este post, mas nao posso admitir que ponhas todos no mm saco.

Com os mlhs cumprimentos
De bonecatenebrosa a 17 de Outubro de 2008 às 22:49
Hum, deixa-me ver, não sabes se a minha experiência foi traumatizante. Aconselho a re-leitura das 2.ª e 3.ª linhas do post em que digo que não fui particularmente massacrada, bem como o 2.º parágrafo em que explico aquilo em que consistiu a minha praxe. Espero que leias os os exames melhor do que leste o post senão começo a desconfiar dos critérios de avaliação do ISCTE que fizeram de ti um aluno de 16...
Não é minha intenção meter todos no mesmo saco, mas ainda não encontrei ninguém que faça boa figura enquanto está a praxar. Aliás, acho que quem fica mal são os veteranos porque esses estão lá garantidamente de forma voluntária.
Além disso, acho que podes ser amigo de quem quiseres sem teres de praxar ninguém. Tenho bastantes amigos e nunca praxei nem fui praxada por nenhum e acho que a ausência de praxe não impede a convivência nem a amizada entre ninguém.
Além disso, não posso falar especificamente sobre a praxe no ISCTE mas se achas que as praxes consistem só em cânticos, deves ter uma ideia um bocadinho enviesada da praxe porque algumas são verdadeiros actos criminosos.
Cumprimentos e espero que quando acabares o curso não fiques dependente da praxe para teres amigos.

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