"Afirma-se que, ao soar a meia-noite, se ouve no centro da Cidade do México um grito arrepiante, que ecoa há mais de 4 séculos. A lúgubre voz pertence a uma mulher que se lamenta: «Oh, meus filhos, meus pobres, desgraçados filhos!»
É La Llorona (a mulher que chora), que com a roupa rasgada e manchada de sangue assombra a noite, chorando tragicamente a sua dor.
Segundo uma lenda mexicana que data de 1550, a voz pertence a D. Luísa de Olveros, uma hispano-índia de grande beleza que se tornou amante de um nobre, D. Nuño de Montesclaros, a quem amava profundamente e de quem teve 2 filhos, rezando pela chegada do dia em que se tornaria sua noiva.
Inexplicavelmente, porém, a assiduidade e a paixão de D. Nuño começaram a abrandar de modo inquietante.
Solitária e angustiada, Luísa decidiu finalmente, uma noite, reunir toda a sua coragem e dirigir-se à opulenta mansão da poderosa e influente família Montesclaros, na esperança de ver o seu amante e lhe pedir que voltasse.
Aí deparou-se-lhe uma festa sumptuosa, com que D. Nuño celebrava brilhantemente o seu casamento, que se realizara nesse mesmo dia, com uma espanhola de estirpe nobre.
Luísa correu para ele, desfeita em lágrimas e presa da maior angústia, mas o nobre espanhol afastou-a, afirmando friamente que, devido ao sangue índio que lhe corria nas veias, ela nunca se poderia ter tornado sua mulher.
Semilouca e possuída do mais profundo desespero, a jovem correu desvairadamente para casa, direita aos filhos, que assassinou com um pequeno punhal que lhe fora oferecido pelo amante.
Depois, saiu de casa, coberta de sangue, e precipitou-se aos gritos pelas ruas, até que foi presa e encarcerada numa cela. Foi condenada por feitiçaria.
O corpo de D. Luísa de Olveros, enforcada em público na Cidade do México, foi deixado balouçar como humilhação final, objecto de escárnio público durante 6 horas. Desde então, os gritos do seu fantasma têm ecoado pela Cidade do México. e assim continuarão, segundo diz a lenda, até ao fim dos tempos".
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