Terça-feira, 14 de Agosto de 2007

Abram alas para o Papão no seu carro amarelo

Quando hoje fui pôr as fotografias das férias a revelar (estarão prontas na 5.ª feira) passei por uma senhora que levava pela mão o seu sobrinho, que deveria ter cerca de 5 anos, e a quem dizia "Não te afastes da tia que senão vêm os senhores maus e levam-te".

Reparem: não havia o perigo da criança perder-se, ou ser atropelada, nem qualquer outra coisa. O problema eram apenas os senhores maus. Porque, por acaso, também não há senhores bons que, perante uma criança perdida, a ajudariam a encontrar a família. Claro que não! Actualmente, qualquer pessoa que seja vista com uma criança que não é sua, fica automaticamente conotada como uma pessoa má que quer sujeitar a criança às piores torturas. Depois, as mesmas pessoas que recorrem ao argumento dos "senhores maus", são as que se queixam de que ninguém as ajudou. Ora, os mal-entendidos acontecem e nenhuma pessoa boa quer ser confundida com uma pessoa má, pelo que mais vale ser indiferente...

Parecendo que não, os raptores de crianças, sejam quais forem os seus objectivos, conseguiram devolver às famílias a liberdade de falar no Papão ou no Homem do Saco, por outras vias. Houve um tempo em que se pensou que era melhor não usar estas criaturas na educação porque traumatizava as crianças. Os pais deram por si perante um grande problema porque deixavam de ter como amedrontar a criança e todos nós sabemos como o medo e o respeito estão profundamente associados. Agora, sob a capa da preocupação, o Papão voltou em peso aos discursos dos pais, transformado nos "senhores maus", aqueles que têm um aspecto mal encarado, vestem gabardina e vagueiam por aí à procura de criancinhas a quem possam fazer maldades.

O que se acaba por esquecer é que a maior parte dos maus-tratos e abusos infligidos a crianças acontecem dentro da sua própria casa. E os "senhores maus" costumam ser os familiares e amigos da família, geralmente, pessoas com o ar mais pacato do mundo, por quem qualquer um poria as mãos no fogo, dizendo "ele nunca seria capaz de fazer tal coisa". Convém lembrarmo-nos disto antes de nos tornarmos completamente paranóicos. Até porque, se olharmos com atenção, até o Noddy tem ar de tarado.

publicado por bonecatenebrosa às 12:00
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4 comentários:
De x a 14 de Agosto de 2007 às 12:15
realmente, nem vale o comentário. Não deves ter filhos de certeza para caires na ignorancia de teres tais pensamentos quando uma tia diz para o sobrinho, para estes não se afastar. Mas numa coisa tens razão Nunca discutas com um idiota. Ele arrasta-te para o seu nível e aí, ganha-te em experiência.


De bonecatenebrosa a 14 de Agosto de 2007 às 14:09
Como todos os comentários merecem uma resposta aqui fica: caso não tenhas percebido, eu não critiquei o facto da tia dizer ao sobrinho para não se afastar. Até aí, acho perfeitamente normal e correcto e, aliás, se tiveres lido o post todo, hás-de ter reparado que até assinalei outros motivos pelos quais a criança não deveria afastar-se (perder-se ou ter algum acidente). O que não me parece bem, e é isso que eu critico, é o argumento dos "senhores maus" que, a meu ver, é terrorismo psicológico.
Quanto a eu não ter filhos, tens toda a razão. Felizmente não os tenho e acho preferível isso do que tê-los e não ser competente para os criar, como acontece a muito boa gente. A esse propósito, também ficou a referência aos abusos e maus-tratos praticados por algumas famílias. As estatísticas valem o que valem, mas dão-me razão.
Quanto ao discutir com idiotas, ainda bem que concordas com essa frase. É uma das minhas preferidas. A outra é "Nunca tentes ensinar um porco a cantar. É uma perda de tempo para ti e chateias o porco".
De Cat a 14 de Agosto de 2007 às 20:42
Concordo absolutamente com o teu post!!!
Quem são os senhores maus, afinal? Que eles andam por aí, lá isso andam. E senhoras também... Só que, tal como tu dizes, também há pessoas boas. Lembro-me que uma vez me perdi da minha mãe num hipermercado qualquer. De repente, dei comigo sozinha e fiquei assustada. Se não tivesse sido uma senhora a perceber que eu devia estar perdida e a levar-me à caixa, onde chamaram logo a minha mãe, possivelmente eu tinha ficado traumatizada em relação a hipermercados. Mas isso é outra história!...
As pessoas têm tendência a esquecer que o perigo vem de onde menos esperamos e que o papão também gosta de se mascarar. Logo, se na maioria dos casos os adultos sabem lá que tipo de pessoa têm pela frente, como o há de saber uma criança? Na minha opinião, essa senhora está a fazer um mau serviço no que respeita à educação do seu sobrinho. Claro que há pessoas más! Mas não vamos meter tudo no mesmo saco! Dessa forma, o miúdo vai ter medo de tudo, até da própria sombra.
Acho que teria sido mais produtivo se a tia tivesse dito que era melhor ele não se afastasse, pois podia perder-se ou magoar-se. Além de que a tia depois ficava preocupada. Não é preciso meter pessoas más ao barulho!
Quanto à resposta ao comentário, concordo que mais vale não ter filhos do que ser incompetente na sua educação. Claro que não é esta a visão da maioria dos portugueses, para quem é muito mais importante pôr criancinhas neste mundo, seja qual for a situação finaceira e psicológica do agregado familiar. Depois aparecem as notícias nos meios de comunicação...
... Depois a culpa é dos senhores maus!... Pois, pois!
Quanto ao Noddy, sim, sem dúvida! Um grande tarado!!! Acho que os Moonspell é que tiveram razão ao dar umas boas sovas naqueles bonecos!...
De bonecatenebrosa a 15 de Agosto de 2007 às 13:09
Não podia estar mais de acordo! Qualquer pessoa que se dê ao trabalho de investigar um pouquinho o processo de desenvolvimento infantil percebe que é normal as crianças terem medo de várias coisas (escuro, monstros, animais, tempestades, estranhos, etc). Parece-me totalmente inútil e contraproducente tentar exacerbar esses medos. As crianças precisam de se sentir protegidas pelas famílias, não precisam que as famílias as assustem ainda mais.
De resto, há muita gente que está convencida que para ter um filho basta fazê-lo e pari-lo e acaba por esquecer-se da parte de criá-lo, de preferência bem.
Eheheh, também viste o Noddy, Lord of Darkness! Impecável... Abençoados Moonspell.

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