Há poucos dias o Senhor José Saramago disse sabiamente que Portugal devia ser integrado na Espanha e formar um novo país, cujo nome seria Ibéria. Esta é, sem dúvida, a ideia mais patriótica que alguém podia ter.
Cada vez gosto mais deste homem! Gosto das ideias dele e gostei quando li o Memorial do Convento, depois o Ensaio Sobre a Cegueira, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, As Intermitências da Morte, O Homem Duplicado e Todos os Nomes. O Ano da Morte de Ricardo Reis é que me está a custar um pouco mais, mas hei-de lá chegar, com tempo, porque as coisas boas devem ser saboreadas.
Essa seria, de facto, a melhor maneira de fazer Portugal sair do buraco. E a este propósito, lembrei-me agora de há algum tempo ter lido a seguinte frase: "só quando batemos no fundo é que percebemos que o fundo pode descer mais um bocadinho". É isto que eu vejo acontecer neste nosso país à beira mar plantado.
Vejo gente criticá-lo por ser anti-patriótico e por estar a servir os interesses dos espanhóis. Não concordo. Aliás, o problema é precisamente ele estar a ser excessivamente patriótico e a servir apenas os interesses dos portugueses. Sejamos realistas, a ideia do Senhor Saramago só é difícil de aplicar porque teríamos de convencer os espanhóis a quererem Portugal e os espanhóis, felizmente para eles, têm juízo. Qualquer pessoa consegue ver que integrar Portugal é um mau negócio, principalmente porque a ilha da Madeira (e, consequentemente, o sr. Alberto João Jardim) faria parte do pacote. Se os espanhóis falassem português, ao ouvir a sugestão do Senhor Saramago, diriam algo do estilo "chiça penico!!!".
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