Quinta-feira, 19 de Julho de 2007

A moral e os bons costumes

O caso das "mães de Bragança" voltou à ordem do dia, com a condenação do principal arguido a 9 anos de prisão. Embora isso não me interesse nada, algumas nuances deste caso não deixam de me despertar a atenção.

A primeira de todas é o nome "mães de Bragança". Ora, o que me parece relevante para o caso é o facto de os maridos andarem a encorná-las com funcionárias de casas de alterne. Não me parece que sejam mães a queixarem-se do comportamento sexual promíscuo dos seus filhos. Resumindo, se qualquer mulher (mãe ou não) poderia queixar-se, que sentido faz esta designação? Nenhum. Como, aliás, tudo o resto no caso.

Em segundo lugar, o argumento "as brasileiras vêm para cá roubar os nossos homens" é profundamente ridículo! Se é verdade que os homens são criaturas estranhas, também é verdade que, tanto quanto sei, não foram obrigados a nada. Não se ouviu falar de nenhuma brasileira que tenha ido buscar estes homens ao conforto do lar, onde eles estavam recatadamente com as respectivas esposas, para os obrigar a "pegar-lhes na mão e conversar".

Além disso, não me queiram convencer que os homens portugueses são um tesouro, desejado por todas as brasileiras... Ainda se dissessem "as brasileiras vêm para cá e os nossos homens são tão estúpidos que deixam as contas bancárias a zero para sustentarem essas mesmas brasileiras que, se forem espertas, não querem saber deles para nada e dão-lhes um pé na bunda assim que eles deixarem de ter utilidade". Aí eu acreditava! E sugeria que passassem a casar com separação de bens. Porque um homem que vos encorna com uma brasileira, também vos encorna com uma portuguesa ou com outra estrangeira qualquer, alternadeira ou não...

Metam na cabeça que os homens não são particularmente esquisitos no que toca a dar uma queca (nem a pegar na mão). Eles não querem é portuguesas, pelo menos não as que têm em casa! Se estas mulheres (as ditas mães) são tão respeitáveis deviam, em nome da moral e dos bons costumes, dar-se ao respeito e mandar os maridos pastar. Acho que eles não se iam importar, principalmente porque não iam ter de pagar às ovelhas...

O argumento da higiene e saúde pública já me parece mais válido. Mas tendo em conta que os mesmos homens vão agora a Espanha para usufruírem do mesmo serviço, também não se resolveu nada na área da saúde. Pior! Assim, lixam a economia portuguesa e também a economia doméstica com maiores gastos de gasolina que também vão contribuir para um aumento da poluição. Ai ai que lá vem o fim do mundo...

Por fim, um reparo a uma senhora brasileira que dizia que não fazia nada de mal mas que, mesmo assim, queria deixar o alterne. Cuidado! A votação neste blog mostrou claramente que a puta da vida é bem pior que a vida da puta. Veja lá no que se vai meter...

publicado por bonecatenebrosa às 14:07
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2 comentários:
De leprechaun a 21 de Julho de 2007 às 14:43
Olha lá, ó Boneca sobrenatural...

...será que também fazes desaparecer os comentários?

Pelo menos, eu quase não os vejo por aqui e os teus posts merecem-no amplamente, mai-la a tua escrita ácida!

E que é isso das votações? Não vejo nada, suponho que fazes então inquéritos regularmente aqui aos users, será?

Nalguns fóruns em que participo tem-se discutido essa questão das "acompanhantes", uma designação que me parece mais agradável do que o estranho vocábulo "alternadeiras" (?!). Aliás, confesso que para mim é um mistério a origem desse termo "casa de alterne"... mas o que é que isso significa?!

As palavras também têm a sua beleza própria, ou uma sonoridade mágica, quiçá, e há algumas que nos agradam mais do que outras. Numa recente entrevista, Joe Berardo mostrou-se incomodado com a designação "prostituta", que pessoalmente também evito por ser pejorativa. São pessoas do lazer, entertainers, disse ele. Ou sejam, acompanham quem deseja alguns momentos de intimidade e prazer... nem que seja o de esquecer!

Por fim, gostei do que dizes sobre este caso. Já vivi muitos anos em Bragança e ainda estive lá a visitar alguns amigos, ano passado. Olha, mas nem falámos nisso, o tempo foi escasso para conversar sobre coisas mais significativas.

Ah, por falar em brasileiras... Só há poucos meses conheci o Orkut e, tal como outros utilizadores portugueses ou mesmo pessoas que conhecem o Brasil, confesso-me espantado com a muitíssimo maior abertura e trato caloroso das jovens brasileiras que entretanto virtualmente conheci. Ora se essas ditas "acompanhantes" também são assim... enfim, para além ainda de outras virtudes!... então não é nada de admirar o seu grande sucesso cá na terra!

Por outro lado, isso pode aumentar um pouco um certo preconceito anti-brasileiro que nem sei de onde vem... será das novelas? Talvez...

De novo te felicito pela qualidade dos teus textos... és deveras um espírito arguto, ó linda Boneca... da última geração e tão cara que nem se pode comprar... oh não!!!
De bonecatenebrosa a 21 de Julho de 2007 às 15:40
Olá! Bem, quando vi que tinha 4 comentários por aprovar nem acreditei. O pessoal não comenta muito, mas mesmo assim são leitores atentos. Os comentários demoram um pouquinho para aparecer porque eu tenho de os aprovar antes mas até agora aprovei todos.
Quanto às votações, até agora fiz duas mas, de momento, não está a decorrer nenhuma e costumo tirar a área de votação quando esta chega ao fim. Voltarei a fazer votações quando me surgir mais alguma dúvida existencial.
Quanto ao termo prostituição, não acho que seja ofensivo. É o nome que designa uma profissão, que a meu ver, até deveria ser legalizada e, como tal, é uma nome como tantos outros. Depois cada pessoa dá aos nomes as conotações que quer, mas um nome é apenas um nome. Por exemplo, actualmente diz-se assistente de bordo enquanto dantes era hospedeira. Na prática é exactamente a mesma coisa nenhuma das duas designações me parece ofensiva.
Relativamente ao preconceito anti-brasileiro, penso que não vem das novelas mas sim do estatuto de imigrante. Os portugueses habituaram-se a ter como imigrantes pessoas provenientes de África que do ponto de vista académico e profissional não faziam grande concorrência aos portugueses de gema. Os brasileiros (e também os imigrantes de Leste) vêm pôr isso em causa ao não corresponderem ao estereótipo do imigrante. E o pobre português, infelizmente, tem tendência a ser de vistas curtas e não está preparado para as novidades. É o que eu penso, mas podem haver outros motivos.
E agora vou responder aos teus outros comentários.
Até jááá!

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