"Na família Nantais, passado o período em que os defuntos são ornamentados com todas as virtudes, começou-se a dizer mal da defunta avó Amélie.
«Ah, que pobre ingénua, acreditava em sonhos, em fantasmas, em intervenções do Além! 'Papava' tudo: escrita automática, a valsa das mesas, as casas assombradas. Não é dizer mal dela, mas na verdade era muito estúpida!»
Foi então que um espelho rachou. Os que troçavam, falaram das vibrações provocadas pelos camiões que passavam pela rua estreita e continuaram a dizer mal da Vovó Nantais.
Na vez seguinte, foi uma jarra de cristal que se dividiu em duas metades simétricas.
- Felizmente, estava vazia - disse um dos netos. - De qualquer maneira, já devia estar rachado.
- Rachado como a tia Amélie - disse um sobrinho.
Atrás dele, o vidro de um armário estilhaçou-se.
- Se ela estivesse aqui, veria nisto um sinal - continuou ele, imperturbável.
- De qualquer modo, é curioso - disse uma prima, que não se sentia muito à vontade. - É sempre quando se fala dela que estas coisas acontecem.
- Pura coincidência! - decretou o neto.
A quarta vez foi a última. Durante uma refeição da família, recordava-se o espelho rachado, a jarra quebrada, o vidro estilhaçado, todas aquelas manifestações que surgiam sempre que se denegria a avó Amélie.
Alguns estavam abalados e começavam a acreditar no descontentamento da desaparecida.
- Qual história! - exclamou o sobrinho. - A Vovó, ou o que dela resta, está no fundo da cova e de lá não pode sair. Todos os mortos estão bem mortos, a começar por ela.
Nisto, o grande espelho pendurado em cima da lareira estilhaçou-se em toda a superfície e caiu com estrondo em mil pedaços.
Tratava-se de um aviso no sentido material do termo."
A premonição e o nosso destino
Jean Prieur
Ponto 1 - A velhota é uma cusca que morre mas tem de continuar a chatear os outros
Ponto 2 - Aquela família não tem mais o que fazer do que dizer mal da velha
Ponto 3 - Quando morrer outro familiar, só por via das dúvidas, é melhor aquela família espetar-lhe uma estaca no coração, dar-lhe um tiro com uma bala de prata, encher-lhe a boca com alho, deitar-lhe sal em cima, decapitá-lo, incendiar o corpo e enterrar a cabeça junto a resíduos radioactivos. Pode ser que fique bem morto e não volte para chatear.
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